quarta-feira, 18 de julho de 2012

Parado

     Passaram correndo, às três. Num encontro massivo, chocam-se envoltos de grande ternura e alegria. Carregam-se uns aos outro, no meio de tudo aquilo que se movimentava mecanicamente. Ninguém repara, percebem tampouco. Nem a causa as percebe. 
     Ainda assim, estão ali. Continuam a correr, e correm cada vez mais rápidas.  Um grito letificante corta o ar. No clamor, de regozijo, os três olhos, que agora são muitos, encontram-se. Em iminência tudo para, o progresso para. Tudo para, para que eles passem.
     Num silêncio, dificilmente esquecido, a luz de tudo aparece. O que a audição consegue captar muda, o canto dos pássaros retifica. O seu vôo e cor, absortos pela alvorada, tornam-se, então, completos. E vê-se os astros. Vê-se, então o céu, entrecortado por prédios. Tráz de volta a ideia da movimentação, quase que esquecida. E a atmosfera do tempo insurgi. 
     Pelos lados não há mais ninguém. Praça vazia; todos os encontros, que ali ocorreram, nítida e luminosamente somem reduzindo-se a nada. Todo o barulho volta com efervescência. Arde as recepções auditivas. E, de toda a movimentação, é apenas uma imagem congelada que sobra.



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