Quantas revoluções
eu vi na infância. Muitas delas quis viver, estar ali, noutras sonhei. As conversas
que se fazem nos armazéns, a lágrima dos prédios ou um guri de camiseta preta
com mangas rasgadas e um cabelo rebelde. Que quantidade de vozes e aspirações
aquela multidão poderia conter, não tenho certeza; acho que nunca tenho. A dúvida
do meu texto às vezes se perde comigo. Meus pensamentos pouco se faziam
distantes das possíveis conjecturas de todos aqueles olhos. É raro minha cabeça
estar em silêncio.
A multidão
nos leva, o choque nos para por bem ou mal, antes que nossos sonhos sejam alcançados.
Sustentados no ar, minhas apreciações fluem obstinadamente; e se interrompem
nos seus olhos. Como sempre sorrindo, amarelos como a flor, sob a luz de um
poste. As mãos manchadas de tinta seguram a minha, as maçãs do seu rosto se
erguem, esticando a brasilidade estampada em seu rosto. Sorrimos um beijo, ou
vários abraços. Nossos sonhos se faziam ali.
Por vezes,
meu sonho ou meus olhos te perdiam, e a multidão te levava como meus
pensamentos. Sua boca sorrindo amarela, refletindo a tinta do seu rosto ou a luz
dos postes, sempre buscava a minha, a procurar com os olhos ou com a alma dos
pensamentos. Seu abraço volta e fica eterno, ou quase, num texto. Longo e
duradouro no peito, como um pensamento.
Ainda bem que estamos vivos para nos inspirarmos com este desejo de revolução.. querer ver as coisas melhores e manifestar isso é um sinal de que, nós brasileiros, somos inteligentes o suficiente.
ResponderExcluirBeijos.