quinta-feira, 13 de junho de 2013

Quarto





á Amanda Stuck;
feliz aniversário.
 
Encostada na janela, ela perdia os olhos nas luzes que se perdiam na cidade. Os prédios não sumiam, a fumaça invadia o quarto, após termos nos invadido. Uma camiseta branca vestia seu corpo, cobria seu seio ganhava minha vida. Sua bundinha, branca como lua cheia, ditava a beleza do quarto, de dentro deu uma calcinha de rendas azuis. A vontade da noite que ainda viria, o ultimo gozo, o fechar e rolar dos olhos que se comiam um sob o outro.
- Cadê o isqueiro? Apagou aqui... – Sorrindo uma quase timidez, seus olhos me sorriem da janela.
Meu corpo, que só não estava ao seu lado em matéria, vai até ela e as costas do teu corpo, me abraçam. Acendo a pontinha sustentada na beirada dos seus lábios, com a mão direita. A brasa consome o verde, a jovialidade dos nossos corpos, a fumaça preenche seu rosto, numa fotografia bonita. Mordo um beijo em sua orelha.
- Espera um tico. – digo.
Busco as duas taças de vinho chileno, e volto ao encontro da janela, do seu corpo. A cama, à meia luz, o chuveiro; um quarto completo, enchendo nosso amor ou a memória do futuro. Um lugar assim, e todo o resto somos nós, penso. O vento me detém, leva meus passos parados. O vinho, teu corpo, ou um gole, me abrem um sorriso.
Meu corpo volta e pela primeira vez, da noite ou da vida, ganha o seu. O melhor sexo, encontro, seu seio molhado em meio as fotografias de um banho. É a primeira que namoro, penso, me enamoro. Me faço em amor.  Uma noite cabe num texto? Acho que não.  Imagine uma vida, então? Nossos corpos fruem, a alma se suspende à matéria, a boca se molha, línguas se encontram. Seu corpo cai sob o meu, fechando uma noite ou um abraço. Respiramos fundo.
- Olha que bonito esse céu. – digo, apontando a janela com os olhos. O céu invadia o quarto.
Uma noite cabe num texto? Não sei, minha escrita se completa em você.

Ilustração de Gladston Barroso.

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