segunda-feira, 23 de maio de 2011

Noite







O silencio da noite. Grilos.  Alguns pequenos barulhos que só no silencio da noite se faz perceber. E este céu? Negro. Cobre toda a noite de silencio. No céu uma massa uniforme preta se une a tudo. E por alguns instantes, num vago olhar... O tudo é uma coisa só. O nada. E neste instante, quando não há mais nenhuma luz, procuro o céu. Onde ele está? Já não está, ele é parte do tudo, que não é nada. Por estes instantes, antes que meus olhos se acostumem com a escuridão, me sinto parte do céu. Parte do tudo. Parte do nada. Nele vejo seus olhos.
                Estranho. Parece sonho. Não, não é. É real. Estou no céu. Sou o céu. Sou parte dele? Já não sou mais eu? Quero ser o céu, nele tenho seus olhos. Quero ser os seus olhos, quero ser parte de você.
                Em toda escuridão. Não vejo nada. Só me vêm à mente as imagens da memória. Imagens? Não tem imagens. Só uma imagem. Singular. Seus olhos. A única cor no meio da escuridão. Meus olhos estão se acostumando. Não quero voltar. Quero continuar aqui. Aqui apenas seus olhos são perceptíveis. Começo a ver o que tem em volta. Merda. Meus olhos estão se acostumando. Não quero sair daqui. Fecho os olhos. Novamente, não vejo nada. Abro os olhos. Tudo é escuro. Tudo é nada novamente. Meus olhos estão abertos ou fechados? Já não sei. Voltei a fazer parte do tudo. A escuridão me traz novamente seus olhos. Agora eu os tenho perto. Seus olhos são meus.
                Aos poucos tudo vai clareando. O que está acontecendo? Olho para trás. É o sol. De longe ele vem erguendo. Não quero. Apaguem as luzes! Não posso. Fecho os olhos. O sol já é forte. Vou correr, fugir. Quero a noite novamente. Somente nela... Ah, nela... Nela eu tenho seus olhos em mim. Neles tenho meu tudo. Parte do meu nada. À noite me leva a você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário