sexta-feira, 8 de julho de 2011

Amiga Noite

Mais uma vez nos encontramos. É engraçado, no começo era estranho minha cara amiga, sempre é. Mas, cá estamos juntos novamente. Por vezes achei que era melhor não ser seu companheiro. Todavia acaba sendo impossível que isso aconteça, nossa caminhada parece ter sido escrita em conjunto. E, de quando em quando, acabo me acostumando contigo e já não és mais estranha a mim. Noite. Boa e velha amiga é sempre muito bom estar com você. O sono já não me parece necessário, só em sua companhia é que consigo achar o feixe de luz na escuridão.
                Tudo é tão confuso, ao mesmo tempo em que quero, não quero sua presença. Mas logo me acostumo. E sinto sua paz novamente. Noite. Boa e velha amiga. Sinto sua paz, mas chego a pensar que todo seu obscurantismo faz faltar-me algo. Talvez a alegria e clareza que tem a felicidade. Por isso você é boa amiga noite. A felicidade não vem ao meu encontro, pelo contrário, quando chego perto dela, ela parece que se esvai. E tudo, então, fica negro e me traz a memória o brilho de tuas estrelas. Ora, você é boa amiga. Todos os dias vêm ao meu encontro. Quando se abre a mente ao impossível, às vezes, acaba se encontrando a verdade. Por isso essa amizade e essa amor que só existe entre nós é possível, amiga noite. Nunca me cansarei de passar o dia inteiro a sua espera.
O sol parece sem graça. Mas é ele, que todos os dias, me anima a ficar a sua espera. E quando mesmo durante no tempo de esplendor do sol vejo seus resquícios, amiga noite, é nessa momento que me sinto completo. É nesse momento em que acho o complemento de minha metade. Os boleros, antes tão sem ritmo, se completam. As poesias, antes tão sem cor, se completam. O paladar, antes tão sem sabor, se completa. As horas, antes tão lentas, se completam. E tudo vai girando espiralmente, e parece ir se juntando e completando todas as coisas que fazem parte do que sou. E mesmo após muito girar não fica tonta, e acaba sempre por me levar a você.

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