sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sandice


Pinga gota, pingo d’agua. Vai continuo e lentamente, assim como o passar do rio, como o passar da vida. E vai também levando consigo todo o percurso da existência. Lá fora as luzes brilham, iluminam. Aqui dentro, só a cadência das gotas e a decadência que se estende a mim. Sinto-me tão... Nada... Seria a palavra certa, tudo, nada. Negação da existência, nada. Vazio. O vazio e a angústia fundem-se e, lentamente... E as gotas pingam. As gotas d’agua desmancham-se. O rio vai passando, como já cantou a filosofia, não se pode banhar duas vezes na mesma água. E a vida então passa. Os dias passam, bem como as horas, os segundos e vai. E vai também levando consigo todo o percurso da existência. E a resposta para todas as perguntas não aparecem. Ficam os questionamentos. Fica a introspecção. E tudo, então, é analisado. Sentimentos, reações e o íntimo, todos ficam sem respostas. Toda a análise introspectiva parece não levar a nada, ou melhor, leva. Leva a mais questionamentos, mais incertezas que me levam a lugar algum. Parece-me que sobra apenas a sandice, a inépcia. A antítese aumenta, juntamente com a incoerência e o despropósito. Propósitos. Sempre me questionei sobre a sua necessidade. As coisas parecem se encaixar, mas falta algo. Sempre falta algo, a impressão é de que sempre irá faltar. E tudo parece retomar a sandice. Parece loucura, nada se junta. Nada é tudo. Tudo não é nada. Percebe!? A estupidez torna a tomar conta de minha fala. Quantas perguntas, quantas contradições. Procuro me entender com elas e achar um sentido. Sentido? Em que!? Minha única esperança em encontrar um sentido me leva a você. Me dizem que essa não é a maneira certa de resolver as coisas, oras, você me disse. Mas não consigo. Já cantei antes que tudo me leva a você. A noite, o dia, as horas, os pássaros, as letras, os sons, os ritmos, o amor... E é ele quem me leva. É ele quem me traz a esperança quanto ao fim da loucura e de toda a estupidez.

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